sábado, 10 de outubro de 2009

Cores de Outono

Como hoje o dia foi fraco em termos de diário, deixamos aqui os nossos sentimentos.
Tínhamos vindo de Bruxelas, da casa da minha irmã, de um ambiente acolhedor e onde se falava português em casa e na rua reinava o françês, para um ambiente hostil onde tudo parecia ilegível e ninguém nos ajudaria caso necessitássemos. Parecia mesmo que se algo corresse mal estaríamos por nossa conta. A pousada era estranha, o quarto pequeno, não sabíamos o que havia lá fora. Era como um mundo novo por descobrir, algo semelhante ao que os colonos devem ter sentido mas muito menos intenso tenho a certeza.
Sempre que andávamos de autocarro era como se estivéssemos a ser raptados contra a nossa vontade. Como se não soubéssemos para onde nos levavam e por isso não parávamos de olhar pela janela como se tentássemos decorar o caminho de regresso, caso tivéssemos que o percorrer a pé.
Sentia-me diferente e especial por estar no meio de tanta gente. Como se transportasse um segredo ou como se fosse um agente secreto que não fala o mesmo que eles e venho de longe. Por um lado sentia-me bem por ser diferente e por outro lado apetecia-me ser igual a eles, para não me destacar e para me acolherem como um deles embora isso nunca aconteça. Eles são loiros, têm olhos claros e são mais altos. Vê-se logo que não sou daqui!
O tempo foi passando, eu fui-me sentido cada vez mais à vontade e o quarto que era pequeno agora é a nossa Casa.
É engraçado sentirmos ainda hoje que pertencemos a outra "tribo" que não a do povo polaco! Somos baixos, cabelo e olhos castanhos, e o Pio ainda por cima tem uma pele morena. Ainda sentimos que quando vamos no autocarro as pessoas ficam a olhar para nós quase como se fossemos uns ET’s, principalmente quando abrimos a boca para falar! Além do mais, o facto de estarmos todos encasacados enquanto eles andam de t-shirt ou abrir um chapéu de chuva quando começa a chover (algo não muito comum por aqui, pelos vistos!) e sermos rapidamente olhados de lado faz-nos sentirmo-nos esquisitos. Para concluir, tenho ainda a dizer que as pegas nos autocarros estão feitas para a altura média dos polacos (como é óbvio) e por isso temos que estar quase pendurados nelas, o que nos faz pensar que não era suposto estarmos aqui!

2 comentários:

  1. Não tinha pensado nisso das pegas dos autocarros..
    Realmente deve ser engraçado :O

    bjs
    Cátia

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  2. As pegas dos autocarros lol que interessante!

    Mas são assim tão altos??? Tipo os Suécos? Têm de por uma foto =P

    Nunca tive essa sensação de ir a olhar para a janela para ver se sabia voltar para trás, normalmente vou a verificar se estou a ir para onde queria (SeaWorld =P) lembrando-me da imagem do Google Earth, voltar para trás era fácil é só apanhar o mmo autocarro lol ir para onde queremos é que temos de acreditar no que dizem =P

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