domingo, 29 de novembro de 2009

Auschwitz

Hoje fomos aos campos de concentração de Auschwitz e Birkenau situados na cidade de Oświęcim. Durante a viagem de autocarro que dura cerca de 1h15 é nos mostrado um video feito por um cameramen soviético durante a liberação do campo de concentração e aí já vamos sendo preparados para o que haveriamos de ver lá. Auschwitz 1, o primeiro campo que vimos está transformado num museu e muitas das instalações foram reconstruidas depois dos nazis as terem tentado destruir ao tentarem apagar as provas dos crimes que cometeram. Bem, nem sei bem por onde começar... Basicamente foi dito aos judeus que seriam realojados noutro lugar e que deviam levar 25kg de bagagem. Como é que se pode levar todos os pertences importantes com um limite de 25kg? Não se pode, por isso eles levavam apenas o que lhes era mais valioso como as jóias da familia e levavam coisas básicas como pentes, sapatos, roupa, etc. Ao impor este limite de 25kg, os nazis conseguiam que os próprios judeus fizessem uma escolha e trouxessem voluntariamente o que era mais valioso só para que depois lhes fosse roubado.
Mas não chegavam ao campo apenas judeus mas também prisioneiros de guerra soviéticos e ciganos.
No museu em Auschwitz estavam fotografias e maquetes que ilustravam o que se tinha passado ali e no campo vizinho de Birkenau (também chamado de Auschwitz 2 - com muito piores condições que o primeiro campo de Auschwitz 1) Ao chegar todos eram examinados exteriormente e eram enviados ou para a esquerda ou para a direita. Os velhos, fracos, doentes, as crianças, as mulheres grávidas, todos os que não podiam trabalhar eram enviados para a direita, directamente para as câmaras de gás. Os outros que podiam trabalhar seguiam para a esquerda e eram postos em condições miseráveis. Sinceramente miseráveis nem descreve nada daquilo ... Então, todos eles trabalhavam o dia inteiro nas minas de carvão e à noite tinham que lutar pelo seu lugar nas barracas que tinham estes andares com palha.

Em cada um destes andares os prisioneiros, uns autênticos esqueletos ambulantes, amontoavam-se, às vezes até 15 por "cama". Os que tinham força para lutar pelos lugares de cima eram os priveligiados porque os que ficavam em baixo não só levavam com os excrementos dos de cima (devido a incontinência provocada por diversas doenças) como também corriam o risco de serem atacados por ratazanas que segundo as testemunhas, eram tão grandes como gatos e mordiam a cara das pessoas que já não tinham forças para lutar, desfigurando-as. Devido a este facto, os nazis deixaram de fotografar as caras das pessoas a partir de certo ponto porque eram irreconhecíveis...

Outra coisa que me chocou imenso foi ter visto os pertences que tinham sido roubados dos judeus. Haviam salas inteiras com milhares de sapatos, milhares de pentes, milhares de tudo... A pior de todas era mesmo a que tinha uma montanha de cabelo. Tanto mas tanto cabelo que nem dá para imaginar os milhares de pessoas que foram mortos ali. O cabelo era mais tarde usado para fabricar meias para os militares nos submarinos, entre outras coisas.

Foi também em Auschwitz 1 que se fizeram os testes para ver qual seria a forma mais economicamente rentável de matar pessoas em massa. O veneno escolhido foi o zyclon B, um composto químico usado anteriormente para desinfectar as barracas e que mais tarde descobriram que quando a temperatura ambiente subia acima de um certo valor, começava a libertar uns gases que sufocavam e acabavam por matar. Como a temperatura tinha que ser acima de certo valor, os prisioneiros eram enviados às centenas para as câmaras de gás com a promessa que íam tomar um duche. Quando estavam centenas de prisioneiros fechados às escuras dentro das câmaras de gás, o seu próprio calor corporal activava a reacção e em 20min estariam todos mortos...

Outra coisa que me chocou foi os castigos doentios que eram dados lá. Se por algum motivo, alguém conseguisse escapar de uma barraca, 1/10 dos prisioneiros seria imediatamente morto como forma de impedir que alguém tivesse sequer vontade de fugir. Por exemplo, quem ajudasse um prisioneiro condenado à morte por fome tinha que passar 9 dias descalço lá fora, na neve. Isto para homens e mulheres que pesavam 1/3 do peso (ou seja, no caso das mulheres uns 20kg e nos homens uns 30kg) era morte certa e os que sobreviviam ficavam com gravíssimas queimaduras nos pés e morreriam depois.

Bem, podia continuar a contar os crimes que lá decorreram mas não vale a pena e acho que já contei que chegue.

Pensamentos finais: Como é que aconteceu isto em pleno século 20?? Estavamos a falar de pessoas com vidas normais, eram professores, médicos, advogados! Tinham familias, sonhos, eram pessoas como nós mas foram todas massacradas e ninguém conseguiu impedir! Revolta-me imenso que ninguém tenha conseguido impedir o que lá se passou....

Agora que já me vim embora e penso no assunto acho que o lugar tem qualquer coisa estranha que só dá vontade de nunca mais lá voltar apesar de ter lá estado com imensos turistas.

4 comentários:

  1. O problema foi mesmo que na altura ninguém sabia os horrores que se passavam nos campos de concentração. Sabia-se que estaria a haver uma perseguição aos judeus e outras raças mas ninguém sabia muito bem a dimensão da coisa.

    Gostava muito de ir a Auschwitz um dia.

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  2. Eu acho que ninguém se estava para preocupar com a situação (que ainda é pior...)

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  3. isso é um choque pela dimensão e não pelo acto, porque infelizmente actos criminais como esses continuam a acontecer. a única diferença entre esse tempo e o actual é que agora a informação corre o mundo e toda a gente sabe e poucos se preocupam. o que ainda é pior. acho que não estamos melhores, nem nunca vamos estar.

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